sexta-feira, 18 de maio de 2012

A ameaça de golpe militar do General - A volta do poder moderador

O Imperador Dom Pedro I, desejoso de ter todo o poder colocou em prática o chamado poder moderador. O que é o poder moderador? Era um poder idealizado por Benjamin Constant. Este poder se sobrepunha aos poderes executivo, legislativo e judiciário. Pedrão, que não era burro, adotou-o para intervir em caso de os três poderes não seguissem suas normas. No Brasil "Revolucionário" era um eufemismo usado pelos militares para as forças armadas. No caso de não concordância com as forças armadas, eles entrariam em atuação e tomariam o poder, ação que já estavam acostumados desde a República Velha. Com a instauração da Comissão da Verdade, muitos militares estão preocupados em blindar muitos torturadores e criminosos que atuaram no país e alguns podem ser os seus vizinhos, nobre leitor. Alguns deles ameaçam de forma clara. Outros são mais sucintos. Mas não é o caso do general Leônidas Pires Gonçalves (Cruz Alta, RS, 1921). Ele foi ministro da defesa da raposa velha, dona do Maranhão, José Sarney. Quando Tancredo Neves morreu, uma ala do exército queria que o salafrário Ulysses Guimarães assumisse a presidência. Mas o general usou a ameaça do "poder moderador" ainda vivo para acabar com as chances desta ala divergente. Hoje ele coloca em pratos limpos e ameaça com o mesmo poder moderador. Sejamos francos: do jeito que brasileiro é burro, com memória curta, se eles darem um golpe, serão ovacionados. Motivos eles têm. O mar de corrupção instalado nos últimos doze anos, insatisfação de muitos setores da sociedade e dos próprios militares com o seu atual soldo. Pessoas comuns não irão por mãos em armas. A não ser a sofrida classe média, os universitários e os grupos partidários. O povo, com carnaval, cerveja, uma mulher gostosa e alguns programas televisivos bastarão para amortece-los. Sem mais delongas vamos à entrevista concedida à jornalista Tânia Monteiro, do jornal O Estado de São Paulo.


"Comissão da Verdade é 'moeda falsa', que só tem um lado" -  general Leônidas Pires
Aos 91 anos, Leônidas Pires, ex-ministro do governo Sarney, mostra indignação e diz que Exército está sendo 'sumariamente julgado'

TÂNIA MONTEIRO / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo


Ex-ministro do Exército do governo José Sarney, o general da reserva Leônidas Pires Gonçalves atacou a presidente Dilma Rousseff e a Comissão da Verdade instalada na quarta-feira, em solenidade no Palácio do Planalto, classificando-a de "uma moeda falsa, que só tem um lado" e de "completamente extemporânea". Ao Estadão, Leônidas disse que a presidente Dilma deveria ter "a modéstia" de deixar de olhar o passado e olhar para frente, "para o futuro do País".

Recolhido em sua residência, Leônidas, que está com 91 anos, evita fazer declarações à imprensa, mas fez questão de falar sobre a instalação da Comissão da Verdade por considerar que os militares estão "sendo injustiçados" e não vê quem os defenda no governo. Segundo ele, quando Nelson Jobim era ministro da Defesa havia um interlocutor. "Ele se colocava", disse. "Mas o seu sucessor, Celso Amorim, que deveria se manifestar está ligado ao problema."

O general se diz indignado com o que define como "injustiça que está sendo feita com o Exército". Para ele, a Força está sendo "sumariamente julgada e punida". Mas Leônidas defendeu a liberdade de expressão. "Que se respeite a minha opinião. Aqui é uma democracia. A palavra é livre e isso foi graças à nossa intervenção", reagiu.

Para ele, "embora o discurso seja de que não haverá punição com esta Comissão da Verdade, já estão promovendo a maior punição ao Exército, que está tendo o seu conceito abalado injustamente".

O ex-ministro do Exército acha que os comandantes militares deveriam falar em defesa da categoria e espera que eles, pelo menos, estejam levando a insatisfação dos oficiais aos demais integrantes do governo em relação à Comissão da Verdade.

Leônidas declarou ainda que os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica "têm de orientar como os militares que forem chamados à comissão devem se comportar".

Convite. O general da reserva não acredita que será convidado a depor na comissão. "Não há razão para eu ser convidado", declarou ele, citando que no tempo em que o DOI-Codi do Rio de Janeiro esteve vinculado a ele, entre abril de 74 e fevereiro de 77, "nunca apareceu nada nem ninguém que tivesse alegado ter sido torturado". E emendou: "Eu já desafiei que alguém se apresentasse na TV e nunca apareceu nada".

Nas declarações feitas ao Estado, o ex-ministro - que foi um dos avalistas da posse do presidente Sarney, quando Tancredo Neves morreu, garantindo a transição de um governo militar para o civil - diz que a presidente Dilma Rousseff tem que "esquecer o passado, olhar para a frente" e se preocupar com o futuro do País.

O general Leônidas Pires rechaçou a possibilidade de a Lei de Anistia ser revogada, como um segundo passo, depois de a comissão da Verdade fazer seu trabalho, por conta de pressão das esquerdas. "Isso não tem cabimento. A não ser que exista vontade expressa do revanchismo."

Para ele, "é impossível mexer na Lei da Anistia, que foi fruto de um acordo no passado e que já foi chancelada pelo Supremo". E emendou: "Se quiserem fazer pressão no Supremo, o poder moderador tem de entrar em atuação no País".


Fontes:

Comissao da verdade é moeda falsa diz general. Entrevista. O Estado de São Paulo. Acessado em 17/05/2012.

Lei de Anistia aqui.

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